13/02/2025
Desde 2020, Elizabeth Lopreato, Gerente de Inovação Aberta e Novos Negócios, tem desempenhado um papel fundamental no crescimento e na transformação dos processos da Construtora Tenda. Um de seus desafios iniciais foi relançar o programa de indicação, aumentando sua participação de 6,6% para 23% em 4 anos. Esses resultados positivos a levaram a ser convidada para conduzir a primeira iniciativa de intraempreendedorismo da construtora, o Shark Tenda.
Ao assumir oficialmente a posição de gerente de Inovação e Novos Negócios em 2024, liderou iniciativas que impulsionaram a inovação e abriram novas oportunidades para a companhia.
Para falar mais sobre essas iniciativas e discutir a importância da inovação dentro da organização, Elizabeth participou do segundo WaM Talks do ano. Durante a entrevista, ela também falou sobre sua trajetória profissional, os planos para 2025, além dos desafios e aprendizados que marcaram seus cinco anos de empresa.
“O programa de indicação representava uma parcela pequena das vendas. Com o tempo, foi ganhando mais êxito e obtendo resultados melhores. Com isso, fui convidada para lançar o primeiro programa de intraempreendedorismo da Tenda, o Shark Tenda. Além de assumir outros projetos com soluções adjacentes ao core, que ajudaram a definir um escopo claro para a criação da área de inovação.”, inicia ela.
Em paralelo à criação da área, Liz também presenciou mudanças corporativas importantes, como o relançamento da nova cultura da Tenda, com a inclusão de novos pilares : foco em clientes, valorização das pessoas e incentivo à inovação.
“Naquela época, entre todos os valores que faziam parte da nossa cultura, esses eram os menos praticados, e a gente sabia que havia uma longa jornada pela frente. Com a criação da área, surgiram oportunidades para mudar isso. Agora, estamos falando de iniciativas como imersões com a liderança e ações de sensibilização com os públicos estratégicos, o que revelou uma demanda latente aqui dentro”.
De acordo com Liz, o Shark Tenda foi o grande precursor desse movimento. A partir dele, e com o apoio da nova gestão, uma nova leva de colaboradores passou a ter um canal para apresentar seus projetos que enderecem algum problema de negócio.
O Shark Tenda é um programa de intraempreendedorismo criado para garantir que colaboradores vivenciem na prática a esteira de inovação, desde entender com profundidade o problema até operacionalizar um MVP, com apoio de ferramentas e metodologias de inovação.
“O Shark Tenda está entrando em sua quinta edição, mas, na época, não havia nenhum exercício prático que expusesse os colaboradores a ferramentas e metodologias de inovação. Por isso, acredito que tanto o programa de indicação quanto o de intraempreendedorismo representaram o pontapé inicial; não só para a Tenda, mas também para a minha jornada de inovação pessoal”.
O Shark Tenda ocorre uma vez por ano, com um período de inscrições e uma trilha de desenvolvimento bem definida. Cada edição tem duração estimada de seis meses e trabalha desafios da rodada que estão conectados aos objetivos estratégicos da companhia.
“25% dos colaboradores já tiveram algum contato com o programa. Além disso, qualquer pessoa que faça parte da Tenda, independentemente do cargo ou área de atuação, pode dar ideias e contribuir para que sejamos inovadores em todas as nossas frentes”.
Em sua segunda edição, o Shark Tenda teve a Amazon Web Services (AWS) como patrocinadora de conteúdo e reuniu mais de 788 pessoas online. O colaborador que deseja ser um agente de mudança é suportado em todas as etapas, desde workshops, a prática de pitch, até a construção de um MVP.
“Os grupos que passam pelo primeiro dia T podem ser aprovados para a etapa de testes, onde são acompanhados por metodologias ágeis para garantir a entrega do MVP. No segundo dia T, é feita a escolha do vencedor da edição. A premiação já incluiu cursos, almoço com o presidente, materiais de educação e agora está sendo testada a premiação em dinheiro”, explica Liz.
Uma maneira bem importante de garantir a governança de inovação revelada por Liz foi a gestão do conhecimento. Essa prática tem foco na democratização e na participação coletiva, que busca garantir que todos tenham o mesmo entendimento das informações.
“No primeiro ano, entendemos o que as outras empresas estavam fazendo em relação à inovação e como acelerar o aprendizado da equipe. Participamos de imersões em empresas de construção civil e outros setores, além de eventos e benchmarks com outras empresas. Para garantir que o conhecimento fosse nivelado entre todos os integrantes do time, passamos a registrar os principais highlights e disponibilizá-los em um lugar de acesso comum”.
Com dedicação, a equipe passou a documentar todo o aprendizado. Inicialmente por meio de anotações manuais e, posteriormente, utilizando ferramentas de inteligência artificial para registrar e destacar os pontos principais dos encontros. “Para nós, é importante estimular que todos da equipe consumam o conteúdo registrado para acelerar a maturidade de inovação”, completa ela.
Liz também mencionou que o hábito de registrar todo o conhecimento foi inspirado pela metodologia “working backwards“, utilizada pela Amazon. A Tenda incorporou essa dinâmica para trazer mais eficiência nas reuniões. “É uma metodologia que ajudou a equipe a se comunicar de forma mais eficiente, principalmente durante o período pandêmico”.
Atualmente, a equipe utiliza documentos textuais para os relatórios, as defesas de projeto e outros materiais, em vez de apresentações em PowerPoint. Isso também permite exercitar a capacidade de storytelling, se colocando no lugar do leitor e antecipando possíveis perguntas.
“A gestão de conhecimento é importante para evitar que as empresas percam informações valiosas quando um colaborador sai da empresa. Por isso, a equipe de inovação da Tenda está organizando as informações para que elas sejam acessíveis a todos, independentemente de quem esteja na equipe”.
Nos últimos anos, muitas empresas têm descontinuado suas áreas de inovação. Essa realidade, somada ao cenário econômico incerto, cria um espaço desafiador nas empresas. No entanto, na Tenda, a realidade é completamente diferente – a inovação segue como uma prioridade estratégica!
“Em 2024 e agora em 2025, estamos sendo bombardeados com notícias de empresas descontinuando suas áreas de inovação. Aqui, apesar de termos iniciado essa jornada um pouco tarde, ainda temos um caminho enorme pela frente. Há muito a ser feito em termos de automatização e desafios ligados ao pensamento crítico: como fazer com que os colaboradores passem a formular perguntas, em vez de apenas esperar respostas claras e diretas? Como repensar a forma como fazemos as coisas? Estamos só no início dessa trajetória, e ainda há muita coisa para colocar de pé”, finaliza.
Em 2024, Liz esclareceu que o foco do ano foi de nivelar a base de conhecimento sobre inovação. “Como é que eu estabeleço um terreno fértil para que todas as próximas iniciativas tenham uma continuidade? Então a prioridade foi o desenvolvimento cultural”.
Além do Shark Tenda, também houve uma imersão em inovação com 20 líderes, com o objetivo de fomentar e fortalecer a cultura de inovação na Tenda a médio prazo, aproveitando a posição de influência desses líderes. Foram duas manhãs dedicadas à sensibilização e ao nivelamento de conhecimento em inovação, além da instrumentalização de ferramentas e metodologias para sua aplicação no dia a dia.
Após o encontro, já surgiram planos de ação de inovação, que envolviam desde os próximos lançamentos da Tenda, os diferenciais competitivos da empresa e outras questões relacionadas à tecnologia. “E, por fim, outra coisa que a gente fez e que também foi bastante relevante, foi a semana de inovação”.
A Semana de Inovação tem como foco engajar toda a equipe Tenda em inovação. Além disso, conectar-se ao ecossistema e acelerar aprendizados por meio de vivências práticas e cases de novas ferramentas e tecnologias.
“É uma semana inteira dedicada à inovação. Eles têm a chance de visitar hubs, simular o ambiente de startup, construir o próprio pitch de um desafio que moldaram ao longo do workshop de design thinking e ainda conhecer um pouco sobre como é o processo de inovação em empresas de outros segmentos”.
Em 2024, o evento contou com a participação ativa de 970 colaboradores. “Considerando que temos cerca de 2.500 colaboradores com acesso a e-mail, a participação foi muito positiva. Agora, o desafio é tornar a próxima semana ainda melhor. O que vimos que funciona é disponibilizar diferentes formatos de vivências para que o colaborador entenda que a inovação pode se apresentar de várias formas”.
A Semana de Inovação de 2024 também trouxe empresas convidadas de outros segmentos para falar sobre a sua trajetória de inovação, além de um talk com os executivos Tenda que participaram de uma imersão na China sobre novas tecnologias e materiais. “Também oferecemos workshop de IA, speed dating e outras vivências que os colaboradores nunca tinham tido antes. Então, com certeza, vamos ter uma segunda semana de inovação de peso pela frente”.
Para 2025, Liz enfatizou que o foco é garantir a reverberação do fluxo de inovação. “De que forma os desafios serão levantados nas áreas? Como eles farão o hunting de soluções no mercado? Quais critérios considerar para selecionar o player e realizar a prova de conceito? E como apresentar os resultados para a companhia com uma recomendação sobre a viabilidade de implantar a solução?”, reflete ela.
Por fim, além de todos os programas e iniciativas, Liz destaca a diversidade como um elemento fundamental para a evolução e a construção de bases sólidas para a inovação.
“Trazer profissionais que já vivenciaram a realidade de inovação de outra construtora, ou que estiveram ao lado de um hub de inovação e até mesmo consultores experientes, trouxe uma diversidade muito interessante para o nosso time. Isso nos permitiu unir o conhecimento sobre como a empresa opera, o que já conhecemos da nossa cultura e o que tem de melhor no mercado, para potencializar nosso trabalho e entregar resultados relevantes em pouco tempo”.