08/01/2025
Os modelos de negócios de impacto social ganharam mais relevância nos últimos anos, pautados na trilha de amadurecimento do próprio setor e abertura para o relacionamento com atores do ecossistema de inovação. Cada vez mais as organizações estão implementando práticas que contribuam para a construção de um mundo mais justo e sustentável.
O Impacto social positivo só será realmente relevante, quando gerar transformação em todos os elos da cadeia: não apenas nas novas empresas sociais, mas também nas comunidades consumidoras dos novos serviços, institutos e empresas parceiras, até mesmo aos fundos de investimento de impacto.
Foi com essa compreensão que Olga Simantob, Business Partner da MSD Saúde Animal, vem explorando essas estratégias. Além de buscar oportunidades profissionais que considerassem mais as pessoas e o meio ambiente.
“Desde que comecei a estudar os modelos de impacto social, automaticamente, passei a ter esse drive para inovação. Afinal, como você migra uma estratégia de geração de impacto social para um caminho que não seja apenas a filantropia? Como transferir e preservar a causa e o DNA de uma iniciativa por meio de uma lógica de mercado e de forma mais sustentável? Somente inovando!”
No primeiro WaM Talks do ano, Olga ainda compartilhou sua trajetória, principais tendências para 2025 e a importância das parcerias de inovação entre as grandes instituições. Confira!
Tudo começou em 2012, após 10 anos em uma multinacional, atuando em um instituto filantrópico. Olga se tornou consultora e coordenou projetos e programas de aceleração de startups ligadas à área social. Sempre em busca de empreendedores sociais, parcerias e novos negócios.
“Em seguida, comecei a trabalhar com a aceleração de negócios de impacto, e foi então que a inovação e o impacto social passaram a ter um papel muito importante na minha vida. O desafio era, justamente, identificar problemas em setores e comunidades específicas e buscar soluções por meio de parcerias com grandes corporações, startups e empreendedores sociais”.
O aprofundamento do tema se concretizou quando Olga concluiu a graduação em Design de Serviços e ingressou em uma consultoria especializada em design e inovação. Nesse período, ela trabalhou na aproximação das fintechs com bancos, além de mapear ecossistemas em apoio ao setor financeiro.
“Atualmente, na MSD, faço parte do time de inovação e experimentação, dentro da estrutura global de tecnologia. Aqui meu papel está na articulação e nas áreas de negócios e estratégias, realizando experimentos e utilizando ferramentas e metodologias do design, vivenciando a “tal” da inovação. É exatamente onde eu gostaria de estar”.
Para Olga, a principal mudança com relação à inovação foi o entendimento das empresas, independentemente do segmento, de que, como entidades únicas, precisam começar a mensurar e tangibilizar o impacto que produzem, para os mais diversos stakeholders.
“Apesar disso, muitas empresas ainda são resistentes em priorizar seus investimentos, projetos com resultados a longo prazo; ou até mesmo inovar de forma colaborativa e não em silos”.
“Já em outras, temos visto que a inovação deixou de se concentrar em um setor específico e passou a se integrar à cultura organizacional de muitas empresas, como uma mentalidade ampla. As lideranças cada vez mais entendem que não se pode mais separar inovação da estratégia, incluindo no escopo das iniciativas a geração de impacto positivo”, complementa.
“É um processo de bastante resiliência, onde sempre procuramos testar e começar com escopo pequeno. Para poder errar, ajustar, aprender e sempre se perguntar quem são os stakeholders parceiros que estão dispostos a testar. Isso tudo é bem importante, principalmente para quem está começando. Então as mudanças são visíveis, mas há muito a ser feito”, conclui.
Com relação às previsões para o próximo ano, Olga cita a economia circular como a tendência que deve continuar ganhando força em 2025.
Baseada no princípio de ser um caminho ultra relevante para minimizar o impacto humano no meio ambiente, na busca do combate ao desperdício e a extração inconsequente dos recursos naturais que já são finitos, a economia circular incentiva o reaproveitamento de tudo. Por meio do reúso de produtos, design e produção de produtos com maior durabilidade e reciclabilidade e o repensar a relação com o consumo.
“Esse é um tema que me interessa muito. Tenho participado de alguns grupos que mergulham no ciclo de vida de produtos, para contribuir cada vez mais com essa bandeira. Hoje, por exemplo, já existem práticas de reciclagem de tecidos que se transformam em tijolos para a indústria e a construção civil, e esse é apenas um entre vários produtos que podem ser reaproveitados, ajudando toda uma cadeia produtiva e, claro, o meio ambiente.”
Outra tendência que cada vez mais Olga acredita estar nas prioridades das marcas, é cuidar da real experiência do cliente. Vista por ela como um ponto crucial para o sucesso futuro nas relações com parceiros e consumidores.
“A grande oportunidade, está em como tornar a experiência do cliente de fato mais relevante. Muitas empresas estão com a lente focada na relação comercial, ou seja na venda e no P & L, mas deixam de lado a importância de conhecer e fortalecer genuinamente a relação com os clientes, que podem ser internos e externos”, explica.
Olga também destaca a Inteligência Artificial como um campo mais que consolidado em 2024, mas que continuará em alta velocidade de crescimento e impacto em 2025. Ela reconhece que a IA trará mudanças que ainda nem conseguimos prever. Por isso, acredita ser essencial manter um olhar crítico e analisar como podemos aproveitar esse movimento.
Por fim, Olga compartilhou o seu grande sonho: que as empresas se apropriem dos processos de inovação, e na prática possam focar na colaboração e na real inclusão.
E finaliza:
“Eu desejo que as instituições envolvidas com inovação abram a roda para que outras participem desse movimento. É preciso criar um ambiente mais aberto, colaborativo e inclusivo, que envolva um número maior de pessoas e empresas, e não manter um “clubinho” fechado e exclusivo. Imaginem marcas competidoras se juntarem para fortalecerem seu próprio setor produtivo? Seria incrível. Inovação na veia!”.