09/10/2024
Embora cada vez mais empresas busquem equilibrar seu crescimento econômico com a responsabilidade ambiental, muitas ainda não sabem responder qual o seu verdadeiro impacto no mercado.
Com o intuito de conscientizar os consumidores e incentivar a adoção de práticas sustentáveis, a startup Green Balance surgiu: a primeira climate fintech do Brasil a converter transações financeiras em análises de pegada de carbono, reduzindo o impacto ambiental e promovendo mudanças positivas para o meio ambiente e a comunidade.
Para falar sobre a startup, questões climáticas, sustentabilidade e os desafios de empreender, convidamos Nelson Ramos, COO & Co-Founder da Green Balance e grande inovador ambiental.
“Estamos enfrentando eventos climáticos extremos e frequentes. Com a chegada da IA e novos modelos de negócio, a inovação está acelerando a agenda de sustentabilidade, mas a sua adoção ainda é limitada. Ao trazer o modelo de climate fintech para o Brasil, buscamos fornecer informações e soluções práticas sobre questões climáticas. A população do país carece de informações, e é possível otimizar processos para entender seu impacto no meio ambiente, bem como mudar isso e concentrar ferramentas de compensação, plantio de árvores e troca de fontes energéticas, de forma simples”, inicia.
Apesar de enxergar a importância de investir em tecnologias sustentáveis, Nelson reconhece os desafios de estabelecer parcerias duradouras e popularizar o acesso à informação. O suporte que recebeu durante sua carreira foi fundamental, permitindo-lhe aprender mais sobre o mercado financeiro, inovar e compartilhar conhecimento com o maior número de pessoas e empresas possíveis.
“Meu contato com inovação começou muito antes da Green Balance. Trabalhei por anos na Mastercard, onde nos últimos anos fui responsável por novos negócios. Naquela época, mesmo sem ser especializado em inovação, estar em uma grande empresa exigia que eu aprendesse a inovar”.
Além do mercado tradicional de pagamentos, Nelson conta que aprendeu muito sobre ESG (Environmental, Social and Governance), inclusão financeira e questões climáticas, temas que, nove anos atrás, começaram a ganhar destaque e fazem parte da sua vida profissional até hoje.
“Em 2015, a Mastercard decidiu investir em empresas que monitoravam a pegada de carbono por meio de transações financeiras. Com o surgimento do mercado de climate fintech, ficou muito claro que o setor financeiro estava bem posicionado para acelerar a descarbonização. Isso levou ao desenvolvimento de vários projetos inovadores, e eu tive a oportunidade de atender esse setor por um bom tempo. Adquiri muito conhecimento sobre como implementar projetos que já estavam sendo feitos no exterior. E, assim, o meu envolvimento com questões climáticas coincidiu com o nascimento do setor de climate fintech no Brasil”.
Atualmente, quando falamos sobre tecnologia, o Brasil se destaca mundialmente em inovação financeira, especialmente no que diz respeito à facilidade de meios de pagamento e transações. Esse diferencial pode auxiliar as empresas do setor a integrar soluções sustentáveis por meio do uso de dados, além de criar produtos e serviços voltados para a sustentabilidade. Sobre isso, Nelson explica:
“O que você faz quando começa a observar um mercado crescente, cheio de soluções inovadoras, mas restrito à Europa e à Ásia? Foi nesse contexto que decidimos trazer essa solução para o Brasil. Sabemos que nosso país possui um mercado financeiro completo e evoluído. Além disso, ao analisar os concorrentes da Green Balance no exterior, percebemos que muitos estão focados apenas no setor de cartões. Então, mesmo que esses players europeus, que já estão se expandindo, tentassem entrar no Brasil, eles não conseguiriam calcular transações via PIX e boletos, que representam uma grande fatia das transações nacionais. Isso impede que ofereçam uma proposta de valor que mostre o real impacto ambiental do cliente”.
Assim, ao constatar o crescimento do mercado no exterior, mas notando a falta de tecnologias e informações no Brasil, a Green Balance surge para responder a uma questão que parece simples, mas que quase ninguém consegue responder: você sabe qual é o seu impacto ambiental?
“Quando fazemos a pergunta, as pessoas costumam dizer que reciclam e que seu impacto é baixo, mas não têm um número exato. Ao informá-las de que ‘seu impacto ambiental é de uma ou duas toneladas de carbono’, conseguimos traçar o perfil de consumo. Fazemos isso de forma simples: para cada transação, calculamos o fator de emissão do setor e traduzimos isso na pegada de carbono. Automatizamos o processo, permitindo que o cliente veja seu extrato, identifique os meses em que impactou mais o meio ambiente e descubra como tornar seus hábitos de consumo mais sustentáveis”.
Em paralelo, Nelson ainda ressalta que atitudes sustentáveis podem começar de forma simples e acessível. O mais importante é ter informação e a disposição de fazer a diferença diariamente.
“Nós oferecemos aos clientes maneiras de compreender o que é crédito de carbono e como compensá-lo, além de incentivar o plantio de árvores e a troca de matriz energética. Essas ações são fundamentais para reduzir as emissões, gerando uma mudança positiva. Então, nossa proposta surgiu para preencher essa lacuna que encontramos no mercado, facilitando o acesso às informações e aos dados, e apoiando mudanças de hábitos, tanto de pessoas físicas quanto de empresas”.
Empreender em sustentabilidade apresenta vários desafios. No entanto, segundo Nelson, o primeiro passo para grandes organizações, é mensurar o impacto que causam no meio ambiente. “A partir disso, você tem um ponto de partida para entender se suas emissões são maiores ou menores do que as dos concorrentes e o que você pode gerar de eficiência e mudar na sua forma de produção para reduzir essas emissões”.
Nelson também acredita que a maneira como você compensa o impacto causado no meio ambiente é essencial para reverter danos e se tornar mais sustentável. Isso pode incluir investimento em energia renovável, projetos de reflorestamento, entre outras iniciativas.
“Além disso, os grandes players possuem dinheiro e equipe para fazer esse mapeamento e contratar excelentes consultorias. Sendo também obrigados por algumas regulações a fazer o relatório de emissão. Então, eles conseguem fazer, entender e mudar a sua cadeia”.
A mudança, às vezes, pode ser abrupta, mas, para ele, é animadora e motivadora. Ainda mais quando você acredita no que está realizando e compartilha essa visão com pessoas que também desejam fazer a diferença.
“Embora haja avanços, os desafios existem. No setor social, por exemplo, há um notável investimento na América Latina, mas apenas 1% dos investimentos globais vão para questões climáticas na região. Isso resulta em uma escassez de recursos para iniciativas ambientais. Infelizmente, é mais fácil acessar fundos internacionais do que brasileiros. Ou seja, apesar de o mercado se posicionar em relação ao ESG, a abordagem ainda é bastante limitada no Brasil”.
Ainda assim, Nelson afirma que o esforço educacional para apresentar a startup e suas soluções a novos clientes e parceiros permanece forte. Trata-se de uma venda consultiva e desafiadora, mas que vem gerando muitos resultados.
De que forma o mercado financeiro se aliou às questões climáticas para contribuir com o meio ambiente? Essas são dúvidas bem comuns, e que Nelson esclarece da seguinte maneira: “Identificou-se que o setor financeiro está em uma posição privilegiada para engajar uma agenda de descarbonização, seja por meio do financiamento de projetos sustentáveis, seja utilizando a ampla quantidade de dados disponíveis. Assim, ao traduzir os seus hábitos de consumo em insights, esses dados podem ser aproveitados para impulsionar a sustentabilidade”.
E completa:
“Quando o mercado financeiro evolui, com o conceito de open banking e open finance, os bancos começam a compartilhar dados para oferecer melhores opções de crédito e investimentos. Esses canais também podem ser utilizados em prol da sustentabilidade. Ao analisar os dados, o open finance se torna uma ferramenta poderosa para que empresas compreendam seus gastos e elaborem um relatório completo sobre suas emissões”.
Nos próximos anos, Nelson acredita e tem se dedicado bastante para promover a indexação da startup no Brasil.
“O momento da Green Balance é de intensas atividades de vendas. Desenvolvemos uma tecnologia proprietária adaptada ao Brasil, tornando-a adequada para o nosso mercado. Com alguns clientes já conquistados, estamos bastante focados na expansão e indo atrás de grandes parcerias. Em resumo, estamos buscando simplificar a sustentabilidade e promover ações eficazes e ecológicas”, finaliza.