12/09/2024
Quando se trata de inovação, compartilhar experiências é fundamental para gerar conhecimento e inspirar novas ideias. No WaM Talks de hoje, Gabriel Vasconcellos, Especialista de Inovação e Corporate Venture Capital no IRB(Re) e mestrando em Gestão para Competitividade e Inovação Corporativa na FGV, nos conta a sua trajetória e revela desafios e tendências para a invocação corporativa e como ela continua a desempenhar um papel essencial em sua carreira.
Tudo começou em 2012, quando Gabriel conseguiu seu primeiro trabalho, durante a faculdade de Jornalismo. Desde o início, ele esteve diretamente envolvido com a inovação e atribui essa conexão ao ecossistema da universidade, um ambiente propício para impulsionar o avanço tecnológico.
Durante quatro anos, Gabriel dirigiu sua própria empresa de consultoria, focada em apoiar a gestão de pequenos e médios empresários, identificando soluções e propondo melhorias nas áreas de estratégia e de eficiência.
“Eu sempre me interessei pela parte estratégica: olhar para o futuro, mas ao mesmo tempo entender o que hoje impacta a gestão e a competitividade dos negócios. Esse equilíbrio é importante para prever mudanças e aproveitar as oportunidades. O que também ajuda a desenvolver habilidades importantes, como trabalho em equipe e resolução de problemas”, conta ele.
Depois de passar por áreas de inovação em uma organização sem fins lucrativos, uma startup e uma grande varejista, atualmente, ele é responsável pelo relacionamento e investimento em startups da empresa de resseguros.
Com relação à evolução do setor, ele acredita que sua experiência lhe trouxe mais facilidade para notar certas mudanças. Um exemplo disso é no que diz respeito à maturidade de inovação:
“Em 2018, ao concluir o MBA em Empreendedorismo e Gestão, eu priorizei estudar o setor [de consultoria] e suas transformações. Exatamente no mesmo momento em que as startups começaram a se consolidar e a ganhar mais destaque na mídia. Minha principal questão era como as consultorias se adaptariam e mudariam seus modelos de negócios para acompanhar essa nova realidade. E, isso de fato, aconteceu. Hoje, vemos grandes corporações com hubs de inovação, escritórios em coworking e oferecendo serviços de inovação de forma muito mais iterativa”.
Além disso, Gabriel acredita que uma mudança significativa e que ainda está em andamento, é a crescente alocação dos profissionais à inovação: “Não é que a inovação não existisse antes, mas ela estava predominantemente associada ao P&D, um campo historicamente muito forte, porém não aplicável em todas as companhias. Muitos profissionais de inovação estavam vinculados à indústria, universidades e à academia. Foi necessário sair desse contexto restrito e ampliar a abordagem para incluir empresas de outros setores, como serviços e varejo”.
E completa:
“A inovação teve diferentes contornos ao longo do tempo. Inicialmente, era voltada para a inovação de processos e no relacionamento com o consumidor. Depois, passou-se a valorizar a inovação incremental, que, quando bem feita, traz resultados. Recentemente, surgiram abordagens mais sofisticadas, como o investimento corporativo em startups e o venture building, onde as grandes empresas criam novos negócios dentro de suas próprias estruturas. E, embora essas práticas já existissem, só agora começaram a ganhar mais popularidade”.
Para acompanhar as tendências, Gabriel ressalta a importância de estudar sobre o futuro. Ele leva em conta as mudanças gerais, mas também os efeitos específicos que as tendências podem ter no setor de atuação de uma empresa. E, ainda observa como a sustentabilidade e o ESG (Environmental, Social, and Governance) estão interligados com a inovação, e como eles podem influenciar o desenvolvimento e a estratégia das empresas.
“A agenda de sustentabilidade e ESG cresceu paralelamente à inovação, e agora elas estão se conectando de maneira mais integrada. Ou seja, é um bom momento para fazer escolhas mais racionais em inovação e sustentabilidade, alinhando as estratégias e pensando mais no mundo daqui para frente”.
Sobre outra tendência, a inteligência artificial, Gabriel destaca que, à medida que essa tecnologia avança surgem novos desafios e questões essenciais, que, em algum momento, precisarão ser discutidas.
“Sem dúvida, em termos de tecnologia, com tudo o que a IA vem trazendo, passaremos a ter mais discussões sobre conflitos éticos, impactos na economia e privacidade. Não acho que isso irá acontecer de uma hora para outra, mas e se? Por isso, o exercício da hipótese é importante para pensarmos em alternativas e intervir. Ainda mais hoje, onde é mais rápido e fácil de ver a mudança chegando e analisá-la enquanto ainda acontece”.
Para uma companhia que deseja iniciar o processo de inovação, Gabriel considera essencial definir o conceito de inovação naquele contexto específico. Isso permite avaliar o progresso e identificar o que realmente funciona. Compreender o que constitui inovação para a empresa é crucial para planejar os próximos passos, independentemente do seu tamanho ou segmento.
“Além disso, eu valorizo muito a combinação de três elementos: estratégia, estrutura e cultura. A estratégia envolve responder perguntas como: onde quero chegar? Em quanto tempo? O que eu já realizei em termos de inovação e como melhorar isso? A estrutura é mais pragmática: é preciso identificar os obstáculos diários e buscar soluções para removê-los e facilitar o processo de inovação. Já a cultura requer uma reflexão mais profunda: não basta apenas reconhecer sua falta, é necessário se perguntar o que efetivamente está sendo feito para mudar essa cultura.”
Gabriel explica que, ao combinar esses três elementos, também é possível criar e incentivar espaços para colaboração das equipes. Bem como, monitorar e reconhecer essas interações. Por fim, é preciso contar com profissionais capacitados e aplicar um diagnóstico de inovação eficaz.
O Diagnóstico de Inovação é uma ferramenta que reúne informações relevantes para promover a mudança desejada no ambiente institucional. O diagnóstico leva em consideração as particularidades de cada organização e é ideal para analisar o clima interno e o amadurecimento do negócio.
“Consultar o máximo possível de colaboradores sobre o que eles entendem por inovação e quão inovadora eles acreditam que a empresa é pode fornecer dados valiosos. Existem diversas maneiras de realizar esse diagnóstico e avaliar até mesmo o grau de colaboração dentro da empresa. Em geral, multinacionais costumam implementar estruturas de inovação específicas para cada unidade de negócios ou marca, o que é uma abordagem lógica, devido ao seu tamanho. Mas o que eu quero dizer é que não existe um jeito certo ou errado, o importante é modelar uma estrutura que faça sentido para a organização, com consciência, embasamento e profissionalismo”, finaliza.
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