28/02/2025
Qual deve ser o papel das organizações no atual cenário social e ambiental em que nos encontramos? Foi essa reflexão que levou a WaM a produzir o Manual de Inovação Socioambiental (MISa), um material que não apenas sintetiza a conexão entre as principais crises socioambientais e o modelo de negócio das grandes empresas, mas também propõe caminhos amplos e eficazes para superá-las.
Atualmente, muitas empresas investem em sustentabilidade e iniciativas sociais por meio de ações pontuais, como apoiar ONGs e fazer doações. Apesar de muito importantes, essas iniciativas não englobam um aspecto essencial: os impactos negativos que a própria operação da empresa pode gerar no dia a dia.
É nesse contexto que o MISa se posiciona como uma provocação estratégica que oferece ferramentas e suporte prático às instituições que desejam mudar o seu modelo de negócio e proporcionar mudanças cada vez mais estruturais a partir da relação carbono-desigualdade.
O fator carbono-desigualdade foi a principal descoberta do estudo. Além de captar o real impacto das grandes empresas, o objetivo era priorizar esses impactos. Com um escopo gigantesco e atuação em diversas frentes, as empresas precisam de um direcionamento claro. Esse foco foi fundamental para dar um norte ao estudo e desenvolver a metodologia.
Por exemplo, quando falamos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, há 17 metas. Mas como uma empresa pode escolher quais metas priorizar, ainda mais considerando que mudanças estruturais podem impactar diretamente sua geração de lucros?
A descoberta foi que, devido às cadeias de valor interconectadas e dependentes de diversos agentes, as empresas são grandes emissoras de gases de efeito estufa, contribuindo significativamente para a crise climática.
De acordo com o The Carbon Majors Database Launch Report (2024), mais de 70% das emissões históricas de gás carbônico podem ser conectadas a somente 78 entidades, tanto públicas quanto privadas. Das 20 entidades com maior número de emissões de gases do efeito estufa entre os anos de 1854 e 2022, 18 estão ativas no presente. Juntas, representam 43,7% das emissões históricas.
Além disso, a desigualdade está diretamente ligada à forma como as empresas distribuem o lucro entre investidores e executivos. No curto prazo, essa lógica pode parecer vantajosa, mas, a longo prazo, uma sociedade fragilizada consome menos e trava a economia, comprometendo a sustentabilidade e freando o crescimento dos negócios. Sem um olhar estratégico para essas questões, a fragilidade do sistema pode levar tudo ao colapso.
Segundo estudo da Oxfam (2024), sabe-se que o 1% mais rico detém 43% de todos os ativos financeiros do mundo, enquanto os dividendos globais a acionistas cresceram 14 vezes mais rápido do que os salários desde 2020. Ou seja, quem possui menos recursos é quem mais sente os impactos da crise climática.
Quem menos contribui para o problema é quem mais sente os efeitos. Ao ignorar essa relação, as empresas aumentam os riscos socioambientais e perdem grandes oportunidades de inovar e criar valor. Por isso, o MISa foi criado. É preciso repensar modelos de negócios para enfrentar esses desafios de forma real, prática e efetiva.
O MISa é um manual desenvolvido de forma totalmente colaborativa. Além das coletas de dados científicos, o estudo contou com o apoio de oito especialistas do mercado de inovação e sustentabilidade.
Para a pesquisa inicial, foi utilizado o Método Delphi, baseado no princípio de que as previsões feitas por um grupo estruturado de especialistas tendem a ser mais precisas do que aquelas provenientes de grupos não estruturados ou individuais.
Embora desafiador — já que pode abrir múltiplos caminhos —, o processo com os especialistas deu certo e reforçou a descoberta do fator carbono-desigualdade. Além disso, possibilitou trocas valiosas, ampliando o aprendizado sobre a visão de mercado.
Com o consenso final estabelecido, tornou-se necessário definir uma metodologia que ajudasse a tomar decisões consistentes alinhadas aos principais interesses de longo prazo. A escolhida foi o Systems Thinking.
O Systems Thinking, ou Pensamento Sistêmico, é uma abordagem que permite enxergar um sistema de forma integrada, compreendendo que diferentes atores estão conectados e que a ação de um influencia diretamente o outro.
Uma das principais vantagens é a capacidade de revelar soluções que poderiam passar despercebidas em abordagens mais tradicionais. Isso ocorre porque o Systems Thinking nos ajuda a entender as interações complexas entre os diversos elementos de um sistema, possibilitando soluções mais eficazes e inovadoras.
No MISa, essa abordagem foi essencial para verificar se havia uma base científica que sustentasse a pesquisa conduzida pelos especialistas. Ela permitiu analisar como a atuação econômica e empresarial das organizações impacta todo o sistema.
Além disso, o Systems Thinking se mostrou a ferramenta ideal para estruturar os dados que comprovaram as conexões, garantindo que o manual fosse realmente colaborativo.
O MISa está em sua fase final antes do tão esperado lançamento! O manual conta com revisões críticas de professores de grandes universidades do Brasil e o apoio de parceiros estratégicos para a divulgação.
Ele será lançado gratuitamente em dois formatos. O primeiro, traz toda a base científica. Já o segundo, foca exclusivamente na metodologia, reunindo os passos essenciais para ajudar as empresas a inovarem em seus modelos de negócio, considerando não apenas o crescimento, mas também o impacto socioambiental.
Mais do que um guia para grandes empresas, o MISa é um material transversal, que aborda a crise ambiental, a biodiversidade, os mecanismos de desigualdade e como esses fatores influenciam a falta de diversidade que enfrentamos hoje.
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