Publicado em 18 de junho de 2021.
Tempo de leitura: 2min.
Escrito por: Valéria Barros | CEO da Worth a Million
As áreas de Inovação e de Recursos Humanos (RH se popularizou, mas, a mim hoje, soa demasiado industrial, portanto, usarei a partir de agora: “Pessoas & Cultura”) sofrem um dilema comum no mundo corporativo: a dicotomia entre “negócios versus inovação” e “negócios versus gestão de pessoas”.
E isto pode ser altamente nocivo para o crescimento dos indivíduos, da organização e dos negócios. Explico-me.
Quando há uma mentalidade de que inovar é privilégio somente para inventores em laboratórios ou, modernamente, próprio das “áreas de post-its” (percepção distorcida de algumas áreas de inovação), a inovação vai figurar como algo complexo e distante que demandará um tempo extra dos(as) colaboradores (as).
Mesmo quando se faz uso das metodologias criativas, há resistência a ponto de pensar que elas não servem para desenhar/organizar o pensamento, tampouco são ferramentas úteis para se lançar mão no cotidiano facilmente.
E, assim, eles(as) perderão a oportunidade de criar algo novo pensando de maneira estruturada sobre como gerar presentes e futuros desejáveis.
A área de “Inovação” tem muito a aprender com as habilidades que área de “Pessoas & Cultura” possui, no geral, de:
- fomentar transformação cultural, mobilizando uma organização inteira para um processo de mudança de mentalidade e comportamento;
- desenhar e redesenhar a organização para ter mais eficiência, produtividade e promover bem-estar e bem-sentir;
- atuar com uma visão transversal de negócios e saber usar mecanismos para engajamento das pessoas em todos os níveis.
E a área de “Pessoas & Cultura” tem muito a aprender com a área de “Inovação”, de maneira geral, que:
- pensa maneiras criativas de resolução de problemas como Design Thinking, com foco na centralidade do cliente;
- faz uso de metodologias ágeis, experimenta ciclos de aprendizagem rápidos, prototipa e itera dentro de um ambiente seguro;
- faz parcerias com startups, hubs, universidades, ONGs para pensar coletivamente em soluções inéditas para problemas complexos.
No geral, vejo mais silos e pouca integração nos projetos de inovação e de mudança. Pelo fato da área de inovação (que vai além de P&D) ser recente, talvez as pessoas ainda estão descobrindo os desafios da área e as capacidades necessárias para expandirem seus espaços e gerar mais impacto.
Outro aspecto perceptível é que, em algumas empresas, a área de “Pessoas e Cultura” tem o conhecimento de Desenvolvimento Organizacional, mas não exerce influência na organização ou no board para gerar grandes transformações.
Por outro lado, “Inovação” tem tido cada vez mais notoriedade, mas com uma área pequena (muitas vezes, uma “euquipe”), não consegue mobilizar toda organização em direção à mudança e é pressionada para demonstrar resultados rápidos que não são, no geral, atingidos – sendo que para inovar, é preciso testar, errar, testar errar e não se tem previsibilidade com respeito ao resultado porque justamente se trabalha para ter algo novo.
É preciso que as áreas de "Inovação" e de "Pessoas & Cultura" passem a dialogar mais internamente e desenvolvam projetos transversais em conjunto no qual as forças das áreas e pessoas sejam potencializadas e as mudanças sejam cada vez mais orgânicas.
Que ambas as áreas lutem contra as dicotomias e promovam transformações significativas em processos, pessoas, gestão e/ou adoção de novas tecnologias que levem ao crescimento dos negócios.
Não tem como fugirmos da colaboração interna e externa. É a saída para ganhos potentes.