O ano de 2020 nos expõe, dia após dia, a novos e maiores desafios. Imersos neste contexto, começamos a avaliar riscos e respondemos ao que julgamos potenciais ameaças.
Anterior a qualquer resposta, no entanto, reside nosso maior desafio como indivíduos e sociedade: neste momento de alerta, quais julgamentos serão feitos? Teremos a capacidade de levantar nossas cabeças após longos períodos de uma corrida com poucos questionamentos?
Estar no Brasil, deter-se por um segundo e olhar ao redor é um exercício complexo e que deve nos causar pelo menos algum grau de espanto. Em meio à crise sanitária, as ações de autoridades são ambíguas e, por vezes, contraditórias; a capacidade de diálogo entre diferentes formas de pensamento aparenta se deteriorar com ainda mais velocidade do que se constatava anteriormente; a renda de pessoas em situação de vulnerabilidade viu-se ainda mais reduzida – se não houve redução, não é difícil imaginar que já beirasse zero; fome, saneamento básico e acesso à água, tão fundamental na higienização, tornam-se sinais da privação da liberdade básica de sobrevivência; o meio ambiente é constantemente negligenciado, tanto na proteção legal quanto na fiscalização, e dá sinais óbvios de esgotamento.
Se há uma oportunidade em meio a esse cenário, ela se encontra no fato de reconhecermos com clareza qual é o nosso papel neste momento. A época em que se podia pensar uma atividade econômica apartada de questões sociais e ambientais chega a seu fim. A crença no “tripé da sustentabilidade” trouxe primeiros passos importantes, mas que hoje demonstram-se esgotados em si mesmos – ineficazes.
Talvez seja o momento de retornarmos à essência da palavra “sustentabilidade:” sustentar. E esse é um termo que qualquer um de nós pode compreender e sentir. Enquanto sustentabilidade ganha significados diversos e até mesmo uma cor verde que ilusoriamente a represente, sustentar nos dá pouco para celebrar.
Sustenta-se um peso, evita-se a queda, carrega-se nas mãos: resiste-se. Uma pessoa que se sustenta é forte o suficiente para lidar com as diversas cargas de sua vida. Uma empresa que se sustenta é suficientemente forte para aguentar sua operação e, dentro dos parâmetros atuais de mercado, crescer. Uma sociedade que se sustente dá ao coletivo meios mínimos de sobrevivência. E por trás disso, há um ambiente, um “todo” que nos sustenta e do qual obviamente fazemos parte. Imagine este parágrafo como uma pilha: a cada frase, uma nova carga; a cada carga, mais peso; quanto mais peso, maior é a pressão sobre esse todo.
Somos tão donos de nosso destino quanto a capacidade do todo em nos sustentar. E o cenário que temos à nossa volta é o de rachaduras e ruídos de uma base que está cedendo.
A partir de hoje, a WaM torna-se signatária do Pacto Global das Nações Unidas por uma simples razão: não existe mais espaço de abstenção para qualquer agente inserido no contexto que tanto foi discutido nesta carta.
Aos nossos stakeholders, é importante que saibam que:
- iremos nos comprometer publicamente com o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 17: fortalecer meios de implementação e revitalizar a parceria para o desenvolvimento sustentável.;
- a partir de hoje, nos posicionamos como Aceleradora de Inovação Corporativa & Socioambiental, a primeira com atuação híbrida no Brasil. E isso está diretamente ligado à nossa tese: enquanto a inovação é o meio, o modelo pelo qual organizações se transformam, sustentabilidade é o fim, o ato de sustentar a si mesma como empresa e gerenciar-se conscientemente como um peso sustentado por sociedade e meio ambiente;
- nosso trabalho com foco em grandes empresas continua e se intensifica. Independentemente do estágio em que a organização se encontre, os projetos e o modelo de inovação serão a ferramenta para fortalecer o ambiente interno e a forma pela qual parcerias poderão ser continuamente criadas em prol do ODS 17;
- articular trabalhos conjuntos de inovação entre empresas – sejam elas do mesmo segmento ou não – torna-se uma busca ativa da WaM e uma responsabilidade caso sejamos procurados por qualquer ator tendo em vista o fortalecimento do Pacto Global.
A capacidade de interconectar e ser mais do que um só conceito é o próximo passo a ser dado. Por muito tempo fez-se crer que existiam separações e fronteiras entre o Eu e o Outro, o econômico e o socioambiental, o nacional e o estrangeiro – aquele que me é estranho. O futuro é híbrido e desejar o que parece impossível dá-nos meios para pensar além do mínimo e serve como base para construirmos novos modos de vida.
Fundador & CEO